Feira nordestina, sotaque carioca
Música, culinária e cultura do Nordeste reúnem imigrantes, cariocas e estrangeiros na Feira de São Cristóvão, no Rio de Janeiro
Por Marcelo Salles
Um jegue parado na porta, música no último volume e a estátua em bronze de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, em tamanho natural, que repousa sorridente sobre o mapa do Brasil e é ladeada por dois cactos, com direito à sanfona e ao tradicional chapelão do cangaço. Carrosséis, pula-pula e uma multidão que entra e sai descontroladamente complementam o cenário da entrada principal do Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, mais conhecido como Feira de São Cristóvão, encravada no bairro homônimo
da Zona Norte do Rio de Janeiro.
Palco para grandes artistas da música popular brasileira, como Alceu Valença, Dominguinhos e Moraes Moreira, a história da feira começa em 1947, quando os primeiros paus-de-arara começaram a chegar na então capital do país. Iam desembarcando paraibanos, alagoanos, pernambucanos, baianos e outros nordestinos em busca de trabalho – que conseguiam, na maior parte das vezes, na construção civil. Muitos fugiam da seca, da fome, e tudo o que queriam era juntar algum dinheiro para mandar de volta para a família. Nessa época, o que existia era um entreposto comercial, improvisado sobre lonas, que também servia para amenizar a saudade dos imigrantes que ali tinham acesso a comidas, instrumentos musicais, vestuário e demais artigos típicos da região uma história imortalizada por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira na canção Asa Branca.
O pavilhão de São Cristóvão passou a abrigar a feira apenas em 2004. O lugar, antes destinado a exposições de automóveis, tem cerca de 10 mil metros quadrados; sua estrutura abriga dois palcos, dezenas de restaurantes e bares, e 700 barracas. De sexta de manhã a domingo à noite a feira não fecha. De dia, a entrada é gratuita e à noite o preço é dois reais. Na entrada principal, há a estátua de Luiz Gonzaga. Do lado oposto, Padre Cícero. Música e religião, dois pontos marcantes da cultura nordestina dão as boas-vindas aos visitantes.
A feira tem de tudo um pouco. No centro, há uma pequena praça, onde repentistas travam duelos de viola. Rimam de improviso, brincam com o público, sem nunca perder a graça. Os visitantes têm todas as caras e tipos. Desde o imigrante nordestino, que encontrou um lugar com o qual se identifica, até turistas estrangeiros, passando pelos cariocas que vão lá fazer compras ou se divertir. Negros, brancos, mestiços, adultos e crianças se misturam ao ritmo do forró, ao sabor do baião de dois, às cores da tapeçaria. Por volta do meio-dia é impossível transitar sem ser abordado por garçons que oferecem pratos e preços. A uma da tarde, há que se reduzir o passo, pois o espaço torna-se minguado diante da multidão que toma conta do lugar.
Algumas ruelas do pavilhão lembram becos de favelas cariocas, como a Maré, erguida em grande parte por imigrantes nordestinos: estreitas, as calçadas guardam os mesmos azulejos pequenos e coloridos, a contrastar com o asfalto pretinho, pretinho.
Na feira, a música é de ensurdecer. E tem gente dançando a qualquer hora do dia ou da noite. As barracas de CDs valorizam os sons nordestinos, enquanto a culinária, viçosa, exibe doce de buriti, cocada, tapioca, goiabada, pé de moleque, rapadura, pães regionais, variedades de queijos, acarajé, castanhas. Carne de sol tem pra tudo quanto é lado: patinho, alcatra e picanha. O quilo varia entre 10 e 18 reais. Também há boas opções de calçados, vestuário e tapeçaria. Uma manta de casal paraibana, por exemplo, feita de um tecido bastante resistente, custa apenas 20 reais.
As ruas da feira têm nome de estados do Nordeste e figuras de destaque, como Lampião e Maria Bonita.
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retirado de:
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